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ATUPOMI - A Umbanda em Portugal

ATUPOMI -Terreiro de Umbanda Pai Oxalá e Mãe Iemanjá

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ATUPOMI -Terreiro de Umbanda Pai Oxalá e Mãe Iemanjá

XANGÔ

galileu
28
Jun10

Saravá a todos os irmãos e curiosos que acompanham as actividades promovidas pelo Terreiro Pai Oxalá e Mãe Iemanjá !

 

No passado Sábado dia 26 de Junho de 2010, homenageámos Pai  Xangô e com ele todos os seus trabalhadores no Astral Superior.

 

Xangô é um dos Orixás maiores na Umbanda e um dos primeiros a chegar ao Brasil, havendo um sem número de casas e cultos a ele dedicados  e muito já foi escrito sobre Xangô, bem como sobre os sincretismos com os diversos "tipos" de Xangô, arquétipos dos seus filhos, comidas, etc. Não podemos no entanto esquecer que encontrando-nos nós em Portugal, devemos fazer chegar a nossa mensagem e informação um pouco mais direccionada àqueles que abordam esta religião com natural curiosidade, mas ainda pouco habituados ou familiarizados com os Orixás e o que, de  facto são. Pois bem, em primeiro lugar Orixá é na nossa forma de ver,  a Inteligência  ou Potência emanada de  Deus (Olurum ou Zambi ). No Inicio era o vazio, ou seja antes da existência do Universo no qual residimos existia apenas o vazio; depois os Orixás pela sua vontade criaram luz, massa e movimento numa grande explosão que impulsionou os primeiros elementos físicos a expandirem-se criando as Galáxias, os sistemas solares, planetas,  enfim o Universo. Eles residem num plano Espiritual, donde provém a tal matéria escura que antecedeu a constituição da matéria tal como a conhecemos e do universo. No acto criativo, ou formativo, os Orixás manifestaram-se tanto nos planos espirituais como materiais, estando eles na origem e constituição de todas as estruturas, todos os elementos, essências e manifestações. O ar, fogo, água terra e éter são na verdade elementos manifestos de suas vontades e logo aqui cada um deles imprime um cunho específico, influenciando e complementando-se numa teia intrincada que constitui o todo complexo que é a matéria e a vida! Efectivamente, os Orixás não são a natureza, mas eles manifestam-se na natureza! Eles são constituintes de tudo e chegam até nós de forma directa na manifestação espiritual através de insights de iluminação individual, através das forças elementais da natureza e também de forma mediada pelos espíritos ilustres dos Ancestrais que na Umbanda se revelam sob a forma de Caboclos, Crianças, Pais Velhos e outros. Xangô manifesta-se no reino natural através do elemento fogo enquanto criador e destruidor ; elemento fulcral para a formação do magma que possibilita a organização mineral que depois forma a litoesfera, ou seja a rocha! Firme, estruturado e imutável, excepto pelo fogo! Por isso o seu local vibracional na natureza  por excelência é a pedreira! Mas também o sincretizamos no raio que rasga os céus numa potência ígnea que queima e destrói implacavelmente na sua descarga sobre a terra. No plano espiritual este mesmo potencial está nas leis imutáveis que regem os espíritos: desde logo a lei que diz que existe uma consequência para cada acção, o Karma! Longe dos julgamentos de valor típicos das religiões clássicas ocidentais , desde logo a Cristã que bebeu o conceito de pecado e culpa dos hebreus. A lei de Xangõ é como aquelas leis da natureza que conhecemos tão bem. A lei da gravidade explica que todos os objectos possuidores de massa são atraídos para a Terra, tal como a maçã de Newton que haveria de dar tanto que falar. A lei do Karma afirma que todos os pensamentos, palavras e acções constituem manifestações no plano Astral e que têm como consequência a afectação de toda a realidade interdependente e por isso terá sempre um retorno. Imaginemos um lago sereno num dia sem vento com a superfície calma e regular como um espelho, sobre a qual atiramos uma pedra... formam-se ondas que partem do centro e que vão afectar toda a superfície levando a ondulação até à berma! Assim ocorre com as nossas acções, palavras e pensamentos que afectam desta forma em cadeia todos os que nos rodeiam mesmo que não consigamos vislumbrar como. As mesmas ondas irão até à berma até perder sua energia, mas ao encontrar uma barreira física, chocam e retornam em sentido contrario com força semelhante, é o retorno! Não se trata de pecado e culpa e sim de acção e consequencia. Outra lei essencial, é aquela que faz com que espíritos semelhantes se atraiam, criando verdadeiras egrégoras (entidade criada a partir do grupo) espirituais que gravitam em torno se pensamentos e sentimentos semelhantes, para uns o ódio, o ciúme, o orgulho mas para outros o amor, a compaixão, solidariedade! Cabe a cada um de nós escolher a que egrégora queremos pertencer e para tal apenas temos que mudar a forma como vibramos, que pensamentos e emoções repetimos, por forma a nos reunir aos nossos semelhantes espirituais, tanto encarnados como desencarnados. Nós seres humanos enquanto encarnados e limitados aos condicionalismos de uma existência física, apenas contactamos com a realidade de forma fraccionada, possuindo sómente perspectivas da realidade e nunca conseguimos vislumbrar a realidade como o todo e por isso mesmo fraccionamos a nossa concepção em pequenas porções com a finalidade de conseguirmos racionalizar as nossas percepções e por isso mesmo as nossas criações padecem dessa mesma limitação. Assim sendo,  a lei dos homens será sempre subjectiva e falível! No entanto, o simples desejo de harmonia e ordem, que está na base da necessidade de criação de todos os sistemas jurídicos criados pelo  Homem    são  em si mesmos uma expressão do nosso Eu Superior, aquela centelha divina que todas as Almas possuem e que clamam por valores mais elevados, embora não o façam de forma continua e constante pois o caminho que leva à exaltação dessa porção em cada um de nós tem de ser acarinhada e alimentada constantemente, para não sucumbir ao ambiente tendencioso e inquinado que constitui infelizmente as sociedades em que habitamos, uma vez mais por afinidade. Sim por afinidade, pois se nos encontramos aqui e agora neste mundo é porque ainda não conseguimos ultrapassar as nossas limitações. Por oposição à lei humana, a Lei de Xangô é implacável, ela actua sobre tudo e todos como o machado de dois gumes que transporta na iconografia yorubá, pois esse machado corta em duas direcções : quando vai e quando retorna! Acção e consequência ou Karma. A Pai Xangô pedimos que nos inspire de modo a sermos conscienciosos, precisos, metódicos, trabalhadores, simples, ordenados e amorosos. Desta forma podemos receber dele o Axé e a virtude que nos permitirá influenciar positivamente o mundo em que vivemos ainda que limitados à proporcionalidade da nossa condição, mas crentes que poderemos formar uma grande egrégora em nossos terreiros, na nossa cidade, no país em que vivemos e por fim no planeta, equilibrando as forças que o regem! Todos temos que contribuir e esta é a forma que encontro de poder tocar, assim espero a consciência de alguns, no meu percurso enquanto cidadão deste mundo.

 

Axé a todos, Kaô Cabecile

 

Francisco de Ogum

Pai Pequeno

Terreiro de Pai Oxala e Mãe Iemanjá - A Umbanda em Portugal