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ATUPOMI - A Umbanda em Portugal

ATUPOMI -Terreiro de Umbanda Pai Oxalá e Mãe Iemanjá

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Exu Tranca Ruas

galileu
23
Jun09

    

No passado dia 13 de Junho, Portugal comemorou Santo António! Os santos populares (santo António, São João e São Pedro) são sempre ocasiões de festividade e efusividade de um povo normalmente visto como pouco expansivo. No mesmo dia comemorou-se na Umbanda o dia de Tranca-Ruas, talvez o mais popular de todos os Exus.Para quem não saiba, este mesmo Exú é sincretizado com o nosso Santo António.

E afinal quem são os Exús? E quem é Tranca-Ruas?

Exú é uma entidade espiritual que trabalha numa linha de evolução muito específica dentro da Umbanda, designada por alguns como linha de esquerda ou povo da rua. Exús masculinos e femininos (Pomba-gira derivado do nome bombogira no dialecto banta-Angola) dividem-se por falanges tal como outras entidades e constituem o corpo defensivo de um médium, de um terreiro ou do ponto de força de sua actuação (Calunga pequena, encruzilhadas, etc). Estas entidades têm sido mal entendidas e interpretadas pois a confusão intencional ou não com criaturas diabólicas foi desde sempre um impeditivo a uma correcta apreensão de sua imagem, personalidade e propósito. Se por um lado os detractores e inimigos de nossa religião se apressam a fazer comparações, associações injustas e apressadas, também o comportamento pouco engrandecedor de alguns, ditos médiuns  que dão passagem a espíritos deformados tanto na aparência física como na moral, acaba por deitar por terra qualquer esforço honesto de mostrar a verdadeira essência destes trabalhadores incansáveis do  Astral. Em primeiro lugar temos que ter em consideração que no mundo dos espíritos os iguais atraem-se e assim sendo, é natural que uma casa ou um médium que não primam por elevação de sentimentos, pensamentos e comportamentos, estarão a atrair toda a espécie de seres do baixo-astral; sabendo nós que estes sempre gostam de se dissimular, fazendo-se passar por Exús, Caboclos ou Pretos-Velhos. Por outro lado, onde existam Entidades de Luz é mais do que óbvio que os Exús que trabalhem com estas entidades, terão eles próprias que ter atingido um grau de elevação condizente; é simples e lógico e respeita tão-somente a lei da atracção entre iguais a nível espiritual.

E como diferenciar se a entidade com quem nos deparamos é de luz ou não? Simples! Abram a mente e o espírito e ouçam o que eles têm a dizer. Um Exú de luz protege os necessitados, ajuda nas giras, abre os caminhos e impede a obsediação! Então porque haveria ele de dar indicações contrárias a estes propósitos? Porque haveria ele de dizer palavrões e beber bebidas alcoólicas sem qualquer pudor? Porque haveria ele de executar amarrações, participar em vinganças e outros propósitos pouco edificantes? Nestes casos estamos perante uma de duas situações: ou se trata de um espírito de baixa vibração que se dissimula para atingir os seus fins, ou então a dissimulação é feita pelo que se diz médium e não passa de um mistificador! Seja como for, fuja o mais rápido que puder de um local que permita este tipo de manifestações, pois certamente não está minimamente preparado para prosseguir no trabalho do progresso espiritual a que se propôs ou então os propósitos que movem os seus membros e dirigentes são escusos.

Temos que estar preparados para estas eventualidades quando se visitam casas e terreiros, assim como igrejas, associações humanitárias, enfim qualquer actividade levada a cabo por humanos, já que para além dos propósitos anunciados temos que verificar se estes correspondem efectivamente à realidade. O ser humano constitui uma comunidade espiritual muito heterogénea quanto aos valores e progresso espiritual e tão distintos sãos os que vivem na carne como aqueles que já pereceram.  Nesta vida, aqui e agora, tal como em todas as que já vivemos ou viveremos, temos que prestar  provas reais de nossos valores e da evolução necessária que tanto almejamos.

Em nosso Terreiro, as giras de esquerda são fechadas ao público! No entanto nossos Exús estão sempre presentes em todas os momentos de nossas giras, auxiliando as demais entidades quer estejam incorporados ou não. Eles são discretos, educados e trabalhadores. São o exército comandado pelos Caboclos e pretos-velhos que nos protege de energias mais densas. Num exército teremos sempre os lugares de comando e os executores, não esqueçamos pois que o mundo recreado aqui na terra é uma pálida imitação de um mundo altamente organizado e complexo que é aquele existente no plano Astral. A Exú cabe a execução e não a decisão e por isso mesmo temos que colocar a cabeça nas mãos daqueles que atingiram o grau de evolução de Guias (Caoclos, Pretos-velhos e Crianças) e permitir que eles nos aconselhem e nos indiquem os melhores caminhos e remédios e respeitar e amar de igual forma aqueles que nos protegem.

Tranca-Ruas é o Exú que comanda toda a falange de Exús que trabalham com as entidades pertencentes à linha de Ogum, ele é como se diz comummente ordenança de Ogum! Ogum, general de Umbanda tem em Tranca Ruas seu fiel capitão junto dos Exús; eles amparam nos trabalhos mediúnicos, vigiam e protegem pessoas e locais, abrem e fecham os caminhos astrais que se abrem em portais através das encruzilhadas e estradas, etc, etc.

O sr. Exú Tranca-Ruas é de trato elegante para quem já teve a oportunidade de o conhecer. As imagens que são vendidas nas casas esotéricas, apenas mostram seres despojados de seriedade e sobriedade. Já vai sendo hora de um maior esclarecimento! Quem desejar prosseguir no culto de seres enjeitados, tortos e desbocados que o faça em plena consciência de que não está em presença de um verdadeiro Exú de Umbanda e que assim sendo terá de tomar a responsabilidade pelas atrocidades e mau nome que ajuda a perpetuar acerca destas entidades maravilhosas ao prosseguir com o embuste.

Exú sabe o que é certo e o que é errado, mas um médium sem escrúpulos possuído por uma alma das trevas dirá que não! Exú não se vende a troco de oferendas! São os espíritos pouco evoluídos que muitas vezes nem sabem da sua real condição que se deixam enganar por tão fracas tentações. Espero que estas minhas linhas ajudem a elucidar a mente de muitos e desta forma combater uma das mais vis difamações que os verdadeiros umbandistas sofrem.Na batalha entre o bem e o mal, todos os que contribuem para manchar o bom nome de nossas entidades, militam no exército das trevas. A Umbanda combate a ignorância assim como combate os obsessores. Os inimigos de nossa causa existem tão-somente pelo facto de existirmos.

            Salve todos os Exús de Luz!

 

Francisco D'Ogum,

Pai Pequeno do Terreiro de Umbanda:“Pai Oxalá e Mãe Iemanjá”

 

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